Em razão de atender diversos pacientes, com relatos impressionantes de violência na infância, com surras e humilhações, decidi continuar abordando este assunto, pois mesmo atingindo a idade adulta, as dores emocionais emergem para todos os lados ocorrendo, portanto, dificuldades nas relações humanas, e só superam com um tratamento psicológico.
A discussão em bater nas crianças não depende apenas dos pais e responsáveis e sim da sociedade como um todo.
A questão é: o adulto gosta de levar uma surra, um tapa, ser xingado?
Segundo Lidia Aratangy (1998-Psicanalista), surra ensina, sim – mas nem sempre o que os pais gostariam que a criança aprendesse.
Bater ensina a criança a:
– Ser agressiva – ao apanhar dos pais, percebe que bater no outro é uma forma válida de resolver problemas;
– Ser cínica – pela repetição das palmadas, a criança desenvolve a capacidade de apanhar sem sentir humilhada;
-Ser mentirosa – o único ensinamento direto de um tapa é que certos comportamentos provocam dor física, portanto a criança mente para se livrar do desconforto;
– Ser covarde – fugir da dor torna-se um dos objetivos mais importantes da vida, em detrimento de qualquer outro valor;
– Valorizar a lei do mais forte – hoje o mais forte pode ser o pai, mas amanhã será o filho.